A aventura de palestrar no TEDxSãoPaulo

Filhos  /   /  Por Mônica Japiassú
  • Se quiser saber com detalhes a minha visão sobre esse dia fantástico na minha vida, prossiga. 😉

Eu sempre carrego um caderninho na minha bolsa. Às vezes, uso pra fazer anotações enquanto assisto a alguma palestra ou aula. Às vezes, jogo forca ou jogo da velha com as crianças enquanto aguardamos alguma consulta médica. Às vezes, usamos suas páginas pra desenhar. E às vezes, anoto meus sonhos ou metas nele.

Há 5 anos, o caderninho que andava comigo guardou um sonho meu com ele. Suas folhas foram todas usadas e ele foi substituído na minha bolsa. Mas ele continuou guardando meu sonho ali, com muito carinho, mesmo ficando “esquecido” na gaveta da minha mesinha de cabeceira.

Caderninho

Sonho registrado no caderninho: dar uma palestra no TED em 2016.

Eu escrevi aquele sonho pouco tempo depois de ter conhecido a plataforma TED.com. Depois de assistir a algumas palestras que lá estavam, fiquei encantada com a missão daquela plataforma (“Ideias que merecem ser espalhadas”) e com o formato das palestras.

Fiquei tão encantada, que eu também queria fazer parte daquilo!

Eu queria espalhar as minhas ideias para milhares de pessoas!

Como eu já tinha aprendido que, para um sonho se tornar um objetivo, era necessário ter um prazo, determinei um prazo ali, naquela folha: 2016.

E por que 2016?

Simplesmente porque eu achava que 3 anos seriam suficientes pra me preparar pra realizar aquele objetivo. 🙂

E que ideias você queria espalhar pelo mundo?

Ideias sobre relacionamento conjugal e familiar, sobre como ter uma família bem estruturada e feliz!

E o que você fez pra se preparar?

Estudei, li dezenas de livros, fiz cursos sobre educação conjugal, aconselhei diversas pessoas, escrevi vários posts sobre o assunto…

Início de março de 2016

Estou em São Paulo, em um evento de encerramento de um curso da Bel Pesce. Ela levou algumas pessoas pra serem entrevistadas e contarem um pouco sobre sua trajetória, seus projetos, suas missões de vida.

A próxima entrevistada é anunciada: Elena Crescia, organizadora e curadora do TEDxSãoPaulo.

“Hã? Quê? Eu ouvi bem? Ela falou TED???”

Ouvidos em pé. Presto muita atenção às histórias incríveis da vida da Elena. E percebo que não são só as histórias que são incríveis. ELA é uma pessoa incrível!

No final da entrevista, ela abre espaço pra perguntas. Não perco tempo e sou a primeira a levantar a mão.

Com o microfone balançando em minha mão trêmula, conto a ela sobre meu sonho de palestrar num evento TED e pergunto que dicas ela daria pra eu me preparar pra isso.

Ouço atentamente cada palavra dela, enquanto o Marcelo anota tudo em seu caderninho.

Em um intervalo do evento, bato um papo com ela (que confirma ser uma pessoa incrível), trocamos cartões e ela sugere que eu vá assistir ao próximo TEDxSãoPaulo.

Final de março de 2016

Estou em São Paulo novamente, pra assistir às palestras do TEDxSãoPaulo “Mulheres que inspiram”. Todas as palestrantes são mulheres. Mulheres inspiradoras!

A cada palestra, lembro das dicas que a Elena tinha me dado e percebo que elas são seguidas. Mas também percebo que as palestrantes também se permitem errar ou fugir do protocolo vez ou outra. E quando erram, elas iniciam a frase novamente e continuam, numa boa. E quando demoram um pouco pra se lembrar de algum trecho, a plateia aplaude, dando a força que a palestrante precisa pra retornar ao seu eixo.

Percebo que um evento TED é mágico. É diferente de um evento comercial com palestrantes. É um evento inspirador, cheio de ideias que merecem ser espalhadas, cheio de pessoas com vontade de absorver o máximo e espalhar aquelas ideias.

Em mais um bate-papo em um intervalo de evento, a Elena solta uma frase que me dá a entender que há a possibilidade de eu ser palestrante do próximo TEDxSãoPaulo, cujo tema será “educação”.

Já de volta em casa, elaboro uma proposta de palestra e envio pra ela.

Junho de 2016

Mais uma vez estou em São Paulo, pra participar do TEDxSãoPaulo sobre educação em um estádio de futebol (Allianz Park), com expectativa de público de mais de 5 mil pessoas!

Um dia inteiro de palestras e apresentações musicais incríveis!

E eu estava lá – na plateia.

É, ainda não era dessa vez que eu ia realizar meu sonho de estar no palco.

Mas eu estava lá, participando desse evento grandioso, aprendendo muuuuito com as ideias maravilhosas que cada palestrante estava espalhando e aprendendo também o que eu devia ou não fazer quando chegasse a minha vez de estar lá no alto.

Dessa vez não teve bate-papo no intervalo, mas teve muita gratidão de minha parte por ver um evento tão bem organizado e transformador!

 

No segundo semestre de 2016, priorizamos um projeto muito importante pra nossa família: a vinda da terceira filha.

Com isso, aquele meu sonho voltou a ficar guardado no meu caderninho, na gaveta da minha mesinha de cabeceira.

Abril de 2017

Sexta-feira à noite, estou deitada no sofá de casa, com um barrigão de 7 meses pesando e se mexendo sem parar sobre mim.

Pego meu celular. A notificação do WhatsApp me mostra o nome “Elena Crescia”. O coração já começa a acelerar!

Toco na notificação.

“Mônica, vamos organizar um evento dia 11/5 pelo dia das mães e queremos convidar vc como palestrante, topa?

Será no MASP.

É um evento pra mães.”

Ai, meu Deus! Como assim? Estou no final da gravidez! Será que minha obstetra vai me liberar pra viajar de avião? Será que vai ser perigoso pra Priscila? Peraí, dia 11 de maio? Hoje é dia 28 de abril! Será que consigo preparar uma palestra em tão pouco tempo??? Ai, meu Deus, o que faço?

Sem saber o que fazer, dou meu celular pro Marcelo, com a mensagem aberta e com meus olhos arregalados.

Assim que ele termina de ler e olha pra mim com um sorrisão no rosto, digo:

– Poxa, que pena eu ser chamada logo agora, no fim da gravidez e com tão pouco tempo pra preparar a palestra…

A-U-T-O-S-S-A-B-O-T-A-G-E-M

Já ouviu falar nessa palavra? Pois era exatamente isso que eu estava fazendo. Me autossabotando, provavelmente por causa do medo de não conseguir dar conta.

Mas meu marido não iria deixar meu sonho escorrer pelas mãos tão facilmente assim:

– Pode responder pra ela que você vai!

– Mas…

– Mas o quê? A gente dá um jeito, vai de carro, vira noites preparando sua palestra, mas você vai!

Já ouviu falar que grávida fica muito mais sensível do que o normal, né? Ok, não cheguei a chorar, mas fiquei muito emocionada com a reação do Marcelo naquele momento! Eu realmente não podia ter casado com um parceiro melhor!

Respondo à Elena dizendo que fiquei muito feliz com o convite e que só dependo da autorização da minha obstetra pra fazer a viagem, pois eu não queria que houvesse nenhum risco para a Priscila.

Autorização dada, chega aquele momento: “Bom, eu sei que a proposta de palestra que enviei no ano passado pra Elena não estava boa. Preciso lapidar a ideia e adequá-la ao tema do evento, que é dia das mães. E tenho só 10 dias pra isso!”

Pensa daqui, reflete dali… Bingo! Vou fazer um paralelo entre uma equipe de esportes e a família!

Elena se empolga com a proposta, escrevo, ensaio, reescrevo algumas partes, gravo meu ensaio, ouço, ensaio de novo, durmo pouco…

Dois dias antes da palestra, apresento pro Marcelo e pra Amanda. Fico nervosa, me enrolo, erro algumas vezes. Quando ensaio sozinha, me saio bem melhor.

A Letícia me ouve falando pro Marcelo que descobri que fico nervosa quando tem alguém me olhando e, com a pureza que as crianças de 8 anos têm, ela me dá a melhor dica de todas:

– Mamãe, finge que você está numa nuvem do céu e as pessoas da plateia são estrelinhas, e o papai é a estrela mais brilhante de todas!

Emocionada, guardo bem aquela dica na minha mente e no meu coração.

Vamos pra São Paulo – eu e Marcelo – na véspera do dia do evento, à noite. Chegando ao hotel, envio mensagem para a Elena, perguntando a que horas devo estar no MASP – local do evento – no dia seguinte.

Ela responde que achava que eu ia direto pro escritório do TEDxSãoPaulo pra ensaiar a palestra com ela. E é pra lá que eu e Marcelo vamos imediatamente.

Durante o ensaio para a equipe do TEDxSãoPaulo, fico um pouco nervosa, erro algumas partes. Elas me dão força, dizem que a palestra está linda e fala de um tema muito importante nos dias de hoje. A Elena diz que vai me colocar como última palestrante do primeiro bloco. Uau, que responsabilidade fazer as pessoas irem para o intervalo com as minhas ideias fresquinhas na cabeça!

Saio do escritório bastante confiante e feliz com a força que toda a equipe me dá. Que pessoas incríveis!

10 de maio de 2017

Dia do evento. Como ele só começa depois do almoço, tenho tempo de ensaiar a palestra 3 vezes no hotel, apresentando para o Marcelo. Consigo ir do início ao fim sem errar e ficando dentro do tempo estipulado: 18 minutos. Ufa! Me sinto muito mais confiante! Estou preparada!

Chegamos ao MASP e nos encaminham para o camarim das palestrantes. Uau, que chique! Lanchinho exclusivo, banheiro dentro do camarim, maquiadora pra me deixar linda!

As outras palestrantes vão chegando e conversamos sobre o tema das palestras e sobre o nervosismo de cada uma. Surpreendentemente, eu não estava me sentindo nervosa. Era a primeira vez na minha vida que eu ia me apresentar num palco e eu estava calma. Hummm, só pode ser trabalho da Priscila, que estava ali comigo, na minha barriga. <3

O evento começa. Sentada na primeira fileira da plateia, assisto às primeiras palestrantes, que são incríveis! Tenho a sensação de que minha palestra vai ficar para o segundo bloco, até que o responsável por colocar o microfone nas palestrantes me chama.

“A próxima palestra é a sua. Vamos ajeitar o microfone em você.”

O coração acelera. Enfim, bate aquele nervosinho. Meu coração joga pra minha mente o conselho que a Letícia me deu.

A apresentadora me chama ao palco. Aplausos. Respiro fundo. E, como se eu precisasse verbalizar o conselho da Letícia pra que ele realmente funcionasse, conto a história para a plateia antes de iniciar minha palestra.

Enfim, inicio minha fala.

“Sorria! Você está sendo filmada!”

Olho para a plateia e percebo que ali há muitas estrelinhas mesmo, brilhando e torcendo por mim. Estrelinhas atentas, que gostam do que eu falo pra elas.

Pertinho de mim, em cima do palco, avisto uma tela com um contador de tempo regressivo. Em frações de segundo, decido não olhar pra ele, pra não correr o risco de ficar nervosa com o tempo que me resta.

Decido simplesmente aproveitar ao máximo o meu sonho que se tornava real e deixar minhas palavras fluírem naturalmente, sem medo de errar, porque todo ser humano erra e isso não seria problema naquele momento.

 

Últimos minutos. A emoção que me preenche dá o tom perfeito pra finalizar a palestra com palavras que pretendem impactar as estrelinhas brilhantes da plateia.

A gente só percebe que fez história quando para pra recordá-la. E quando terminamos de recordar, a gente percebe que as maravilhas de se ter uma família não estão na compra de uma casa, num carro ou naquele emprego que te dá um bom salário, mas sim no que a gente vive com os nossos filhos no dia a dia.

E é essa vida que devemos apresentar pros olhos deles filmarem, registrarem e recordarem pra sempre, porque nenhum sucesso no mundo compensa o fracasso no lar.

 

Os aplausos me enchem de alegria. A estrelinha mais brilhante da plateia me aplaude de pé e me enche de emoção.

Sonho realizado. Dever cumprido. Expectativa de ter vidas impactadas com minhas palavras.

No intervalo, a emoção aumenta quando várias pessoas vêm ao meu encontro pra dizer que gostaram muito da minha palestra e que vão colocar em prática as ideias que apresentei. Isso não tem preço!

Saio de lá com a certeza de que os eventos TED são realmente transformadores, tanto pra quem assiste quanto pra quem apresenta suas ideias que merecem ser espalhadas!

……………………………………..

Minha palestra completa está abaixo. Se você acha que minhas ideias merecem ser espalhadas, compartilhe o vídeo!

 

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