Como foi o início do casamento? Como dividimos as contas? Quando começamos a controlar os gastos? Alguma vez ficamos no vermelho? Que dificuldades a família quadrada passou? Quais foram as lições aprendidas? E o que um computador cor de rosa tem a ver com tudo isso?
Aproveitando o final do ano, nas últimas semanas, fizemos uma retrospectiva de nossa vida financeira e resolvemos trazer breves memórias nossas aqui para o blog, contando um pouco sobre como fazemos a gestão financeira da família.
Nunca tivemos problemas ou grandes dificuldades financeiras em função da educação que nossos pais nos deram, por sermos comedidos com os gastos e por não gastarmos mais do que temos.
Depois que casamos, durante cerca de 5 anos, não fazíamos nenhum controle de entradas e saídas nem pensávamos em investimento. Se sobrava dinheiro na conta, a gente acreditava ser suficiente.
Começamos criando o conceito de “dinheiro sem fronteiras“, ou seja, tudo que ganhávamos era nosso, para uso da família, com orçamento único. Adotamos esse modelo por simplificar as contas e o controle de nossa vida financeira.
Nossa maior dificuldade sempre foi controlar os gastos. Chegamos a criar algumas planilhas, mas o principal a gente não conseguia: parar para lançar os gastos nelas. Mas houve um momento, quando eu fiquei um período sem trabalhar, em que nos organizarmos e mantivemos uma rotina de controle, pois a renda da família tinha caído pela metade. Após alguns anos de lançamentos, pudemos fazer médias e ter uma visão geral de onde gastávamos nosso dinheiro.
Outra dificuldade foi decidirmos sobre o imóvel próprio: comprar ou não? Tínhamos opiniões diferentes, mas nada como a boa matemática para nos ajudar. Na época, passamos meses fazendo contas, ouvindo opiniões, fazendo simulações e concluímos que não valia a pena pagar os juros da época (2004-2005): pagar aluguel era mais barato do que pagar os juros ao banco, principalmente se a diferença for aplicada em algum investimento. E estamos assim até hoje.
Nunca deixamos de realizar planos em função da possibilidade de faltar dinheiro, mesmo em períodos em que eu ou a Mônica estava sem trabalho. É claro que nessa situação não dá para viajar, mas nossas filhas vieram justamente nesses momentos; não abrimos mão disso e nos prevenimos antecipando os gastos extras para eles não virem todos de uma vez.
Com receio de precisar levar a Amanda de madrugada para o hospital, compramos nosso primeiro carro usado. Somente 4 anos depois compramos um carro zero, modelo 1.0. E estamos com ele até hoje, 5 anos depois.
Ainda sobre o carro, há um ponto interessante: fazemos manutenções regularmente, de preferência antes de viajar. Embora pareça mais caro, prevenir sempre sai mais barato do que ter que resolver um problema causado pela falta de manutenção.
Geralmente, antes de comprar algo, nós pesquisamos muito e fazemos contas para saber se vale a pena, se cabe no orçamento e, principalmente, nos perguntamos várias vezes: “Precisamos disso?”, “Precisa comprar agora?”, “Se parcelar, teremos vantagens?”.
Fizemos negociação na escola para pagar a anuidade à vista, que traz duas vantagens: o preço menor e não ter aquela grande despesa mensalmente, permitindo maior flexibilidade no orçamento. Só não podemos esquecer de juntar dinheiro no decorrer do ano para a anuidade do ano seguinte. 🙂
Inicialmente, também, focamos nosso tempo em evoluir nossa carreira. Sabíamos que aumentar o valor de nossa hora de trabalho alavancaria nossos sonhos. E, assim, após alguns anos de muito esforço, conseguimos realizar o sonho de viajar para Orlando.
Embora a gente se dê muito bem, a gente discorda algumas vezes e, sendo o “dinheiro sem fronteiras”, todo gasto deve ser negociado. No início do casamento, criamos a regra de que todo gasto menor que 30 reais poderia ser feito sem culpa e sem consultar o outro. Hoje não levamos mais essa regra em consideração porque os preços subiram e, principalmente, temos uma confiança tão grande um no outro, que sabemos que qualquer compra fora da curva será negociada antes.
Houve uma situação interessante, em que eu queria um computador novo e a Mônica, não. Então, eu já estava quase desistindo quando mostrei a ela um computador cor de rosa. Ela se apaixonou por ele e acabou dizendo que, se fosse o computador cor de rosa, ela cederia. Ora, como para mim o que importava era o que estava dentro, aceitei na mesma hora. 🙂
Outro ponto interessante é que a viagem a Orlando era um sonho da Mônica, e não meu. Porém, como sabia que minha esposa e minhas filhas iriam ficar felizes, topei e nos organizamos para viajar. A diversão foi tanta que, hoje em dia, sou eu mesmo que mais faço questão de voltar.
Voltando um pouco na história, sempre tivemos aversão a riscos, mesmo fundos, por mais simples que fossem. Porém, quando comecei a ler sobre investimentos, notei que a gente não fazia por medo do desconhecido. Então investi tempo em conhecer fundos, bolsa, valores mobiliários, ações, siglas e jargões. Tive certeza de que tínhamos razão quanto a ser arriscado, mas que, sabendo o que se estava fazendo, esses riscos eram muito menores.
Lemos vários livros, principalmente os do Gustavo Cerbasi. O primeiro impacto (positivo) foi perceber que algumas decisões e atitudes que já tomávamos estavam próximas ao que ele sugeria; o segundo foi a certeza de que, se queríamos alcançar mais objetivos, tínhamos que investir. E assim a gente vem fazendo há 5 anos e, com alguns dos retornos que tivemos, pudemos ter a boa sensação da “segunda renda” gerada pelo dinheiro trabalhando por você.
Já tivemos planilhas mas, confessamos que após atingirmos um patamar de estabilidade de renda e gastos não fazemos com tanto afinco. Porém, sempre que queremos realizar algo grande, fazemos uma planilha de projeção de gastos futuros onde, com uma fórmula bem simples, a gente vai simulando entradas e saídas no decorrer do tempo e ele mostra se entraremos no vermelho ou não. Muito útil para não deixarmos o orçamento estourar.
As boas práticas que fazemos para as compras valem também para os investimentos: um tem que convencer o outro de que aquilo é bom, vale a pena e irá trazer um retorno para a FAMÍLIA, ainda que seja de longo prazo.
Que tal você fazer o mesmo? Faça uma retrospectiva também e conte para nós como está a sua vida financeira. 🙂
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