– Mamãe, posso conversar com você?
– Só um instante. Deixa eu acabar de fazer isso aqui e já podemos conversar.
E assim que acabei, fui pro meu quarto, pra Letícia conversar a sós comigo.
– É que eu tenho reparado que você e o papai têm andado com a cara fechada nos últimos dias, parece que vocês estão chateados o tempo todo, e eu fico meio triste com isso. Eu queria ver vocês mais felizes, mais alegres.
Ouvir isso de uma filha não é fácil. Passam mil coisas na cabeça ao mesmo tempo, e vem logo o ímpeto de nos justificar, de dizer que a gente tem motivos pra estar desse jeito e que ela tem que compreender.
Mas eu respirei, senti as palavras e o olhar dela com todo o meu amor e me orgulhei: por ela ter tido a coragem de me criticar e por ter conseguido expressar em palavras o que ela estava sentindo.
– Obrigada, filha, por estar me falando isso. Eu fico muito feliz por você ser uma pessoa tão observadora e que já sabe, desde tão nova, falar sobre os seus sentimentos e perceber também o que os outros estão sentindo. Parabéns!
E continuei:
– Realmente, os últimos dias têm sido difíceis pra mim e pro papai, porque a Priscila tem nos acordado de madrugada, e o sono acaba prejudicando o nosso humor e nossa paciência ao longo do dia. Mas foi muito bom você me alertar sobre isso, porque, apesar de termos motivos pra ficar com essa “cara fechada”, nós SOMOS felizes e temos muito mais motivos pra sorrir.
A conversa fluiu, pedi pra ela me dar exemplos de momentos em que ela percebeu essa nossa cara fechada, eu falei pra ela que tem situações que realmente nos deixam chateados, tristes ou com raiva (da situação, e não delas), e que esses sentimentos são normais, todo mundo sente, mas nós realmente precisamos nos esforçar pra não permitir que os sentimentos ruins se mantenham em nós por muito tempo.
E terminei a conversa prometendo a ela que eu iria me esforçar pra não deixar que o sono vencesse a alegria que tenho dentro de mim, que é ENORME!
Depois ela teve a mesma conversa a sós com o Marcelo, que também ficou muito feliz e orgulhoso por ela ter tomado a iniciativa de expressar tudo isso verbalmente pra gente!
E é isso que eu chamo de FAMÍLIA: pessoas que se amam, que querem o bem uns dos outros, que criticam sem medo e são sempre verdadeiras, mesmo quando a verdade não é tão agradável, porque é disso que o amor precisa pra se sustentar e crescer!
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