Depois de um Natal mágico em Orlando e de volta à realidade, um belo dia, conversando sobre a Páscoa, a vovó Lulu disse para a Amanda:
– Quando a mamãe e o dundum (meu irmão) eram crianças, eu colocava os dedos na farinha e fazia pegadas no chão, pra fingir que eram do Coelhinho da Páscoa.
– Ué, vovó, não era o Coelhinho que levava os ovinhos?
A vovó ficou com cara de boba e perguntou se ela ainda acreditava em Coelhinho da Páscoa. Ela respondeu, rindo: -AcrediTAVA, né?
Poucos dias depois, a Amanda falou pra gente:
-Vocês precisam me contar toda a verdade sobre Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e Fada do dente antes de eu virar mãe, senão meus filhos vão ficar sem presente se eu achar que é o Papai Noel que vai trazer e ele não existir!
Nesse dia ela se contentou apenas com as nossas gargalhadas e não levou o assunto adiante. Mas nós dois ficamos tentando decidir se já era hora de contar toda a verdade para ela.
Estava difícil, pois sempre que achávamos que devíamos falar, a Letícia estava por perto. Até que estávamos sozinhos com a Amanda um dia e resolvemos contar:
-Filha, nós temos uma coisa pra contar pra você. É algo que você já perguntou várias vezes pra gente, pedindo para contarmos a verdade pra você. Sabe o que é?
-O Papai Noel?
-É. Sabe o que temos pra te contar?
-Ele não existe?
-É, mas você sabe do combinado que temos aqui em casa, né? Só podemos mentir quando vamos fazer alguma surpresa, e nós mentimos esse tempo todo pra fazer surpresa pra você, colocando o presente na varanda, e pra você ter essa magia do Natal no seu coraçãozinho. Mas agora que percebemos que você já estava bastante desconfiada, achamos que devíamos te contar a verdade e te chamar pra nos ajudar a continuar colocando essa magia no coraçãozinho da Letícia.
E a Amanda me abraçou e chorou… Ficamos com tanta peninha… Ela já desconfiava, mas queria continuar tendo aquela linda ilusão.
Nós não esperávamos que ela fosse ficar tão triste. Achávamos que ela ia ficar até falando “Viiiiu? Eu disse que ele não existia!”, mas aconteceu o contrário. Parecia que ela estava perdendo algo – e realmente estava… Mas, nem sempre os pais acertam, né? Ficamos lá dando carinho para ela, acolhendo sua tristeza, contando como foi que nós dois soubemos da verdade (ela perguntou) e esperando ela se recompor.
Depois daquele dia, ela só tocou no assunto novamente uma vez, com um pouco de pesar, perguntando por que nós resolvemos contar a verdade pra ela. Respondi que nós acreditávamos que ela já soubesse ou, pelo menos, desconfiava bastante, e que é bem provável que os amigos dela falem sobre isso na escola este ano, e nós queríamos que ela soubesse da verdade por nós, e não por amigos.
Bem, depois disso, sinceramente não sei se vamos contar a verdade para a Letícia sem antes termos certeza de que ela já sabe, pois nosso coração ficou apertadinho ao ver a Amanda triste. Talvez a gente faça alguma coisa propositadamente para que ela descubra por si só.
E vocês, como ficaram sabendo que o Papai Noel não existia – e como contaram para seus filhos?
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